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sábado, setembro 21, 2013

PAPO SÉRIO, ELEFOA E OUTROS BICHOS 3

" Vou confessar uma coisa.....Papo sério.......

Quando eu estava lá no céu alguns meses antes de nascer Papai do Céu se virou para mim e me perguntou diretamente o que eu preferia:

Bonitinho e Burrinho ou Feinho e Inteligente ....

E não tin
ha NRA - Nenhuma das Respostas Anteriores...

Como naquela época eu era bem mais sábio do que penso ser agora, não vacilei escolhi de cara a segunda opção...

Daí fiquei assim.....Agora, dane-se.....espero que tenha respondido a algumas curiosidades alheias.
 
O pior é que não ficou assim pois quando eu já estava me preparando para sair para o período da pré - gestação, o próprio Nosso Senhor Deus Pai Todo Poderoso me chamou assim:
 
Psiu...Psiu....Onde você acha que vai ? Não acabou não,,,,,
 
E me deu a segunda opção dizendo assim:
 
" Mesmo feinho, mau ajambrado, desengonçado. Você tem que fazer outra escolha.
   Você quer ir com carinha de esperto ou com carinha de bobo ? "
 
Não vacilei de novo, respondi prontamente, na lata.
Meu Senhor  quero ir com cara de bobo....Ele me olhou ressabiado mas me atendeu...
 
E assim também foi feito cheguei aqui feinho e com cara de bobo.
 
Nasci carioca da gema no bairro da Velha Gamboa, terra da mais alta malandragem que já não existe mais. Cresci no bairro carioca da Consolação que a maioria dos não
iniciados em zona norte do Rio de Janeiro, não sabem que tem...
 
Lugar profícuo, assalariado, um pouco terra de ninguém, cercados por morros por todos os lados:
 
Morro São João, Morro do Encontro, Morro da Bacia, Morro do Francisca, Morro do Amor, Morro da Cachoeira Grande, Morro do Barro Vermelho, Morro da Santa Teresinha e o Morro da Matriz.
 
Lugar afamado de moradores ilustres, tais como o sambista e compositor Zé Kéti., José Flores de Jesus.
 
Mas por ter chegado nisto aqui, feinho e com carinha de bobo, confesso que levei vantagem desde muito cedo....pois com carinha de esperto, fazendo as traquinagens de moleque, levaria ao certo muita pancada, facada, navalhada ou azeitona de 38.
 
Mas com esta configuração optativa, confesso tive vários momentos de gloria. Tanto aqui pela suburbanada da cidade do Rio de Janeiro como por diversas cidades do imenso Brasil.
Uma delas foi Manaus....que saudade tenho de Manaus....terra da Caldeirada de Tucunaré, do Tacacá, do Guaraná Baré, do Carimbó , das Escadarias dos Remédios e do Porto de São Raimundo....
 
Por lá fui muito feliz, principalmente entre os inúmeros prostíbulos via igarapés nos arredores da Velha Cidade....A Venezinha Brasileira da Borracha, locais que
como consorte inoperante recebi os melhores acalantos das mais afamadas cafetinas cansadas de guerra dos mais que distintos lugares.
 
Quando me refiro como consorte inoperante não tem embutido nenhuma declaração bombástica que esteja no armário, ou seja alegre demais para isto. Refiro me assim para minha pessoa porque nunca tive a menor capacidade para amores rápidos financeiros. Acreditem que até tentei por mais de 3 vezes mais a noitada na sua melhor forma me custou o dobro e eu nem consegui ver a cor da calcinha delas, depois de pagar jantar, ursinho de pelúcia para a filhinha, aluguel atrasado e bolsa família muito antes do PT.
 
Sendo assim nunca mais me aventurei nestas furadas. Sempre frequentei este lugares para ouvir  musicas bregas, beber bebidas forte e aprender psicologia da alma humana pelas palavras sabias das velhas senhoras.
 
Esta coisa de ter cara de bobo, acho que tem origem na literatura oriental do Tao Te Kin de Lao Tsé....se não for, se não foi, passou a ser por que eu inventei agora. Adoro inventar proposições frente as menos letrados que na duvida não esboçam reação alguma. Quando vão posteriormente pesquisarem sobre o assunto da  leviana afirmativa de minha parte já é tarde demais, estão com carteirinha e diplomas de tolos.
 
Isto me faz lembrar certo feito que ocorreu no Mercado de Arte e de Antiguidades da cidade do Rio de Janeiro.
 
Um certo comerciante desleal aprontou uma comigo quando eu estava buscando uma pecinha de marfim para um amigo-cliente meu....o comerciante propôs arranjar a um preço e no ato da entrega o preço triplicou....e ainda me acusou de eu ter feito a confusão....mas deixei estar....que a batata estava assando.....e assim foi.
 
Uma bela manhã de domingo ensolarada o telefone tocou e era ele me indagando se o meu cliente ainda estava comprando marfim.....prontamente falei que sim....e ele me respondeu que um grande amigo dele estava vendendo  por R$ 2.500,00 uma presa de  
elefante e mais uma vez me perguntou se interessaria.....eu respondi que sim, meu cliente adora presa de elefante.
 
Um pouco mais tarde marcamos um encontro na casa do amigo para eu comprar a presa de elefante.....
 
Chegando lá, logo de inicio percebi que havia outro clima de deslealdade no ar....mas fiquei quieto....peguei a presa....olhei por um lado....olhei para o outro contra a luz do sol....e exclamei:
 
Cadê a Presa do Elefante ???
E os dois caras de patetas dos vendedores, quase que combinado responderam juntinhos: Esta aí na sua frente, isto é uma presa de elefante.
 
Daí eu repliquei :
 
Vejo que vocês não entenda nada disto....e continuei falando:
" A natureza é sábia e nada é feito sem querer. Como a "Elefoa" carrega o elefantinho na barriga, a natureza faz a presa dela maciça na ponta e oca no outro lado,,,, para não
ficar tão pesado para ela.
 
Sendo assim isto não é uma presa de Elefante, e sim de "Elefoa". "
 
Diante desta aula exposta aos olhos dos dois desleais comerciantes, ambos estupefatos frente ao um dos maiores especialistas de marfim do mundo inteiro. Eles interpelaram:
 
Sendo assim de "elefoa", o Sr. paga quanto ?
 
Prontamente falei se fosse de elefante realmente meu cliente pagaria o preço justo que vocês pediam, mas de elefoa meu cliente só paga R$ 300,00 .
E assim foi fechado o negócio....recibo feito e eu sai com a mais bela presa de elefante que eu já tinha visto.
 
No dia seguinte os dois desleais comerciantes foram perceber entre os outros comerciantes do setor que o feminino de Elefante era Elefanta ou Aliá e que a elefante fêmea não tem presa,,,,
 
Enfim uma boa lição aplicada...E como no velho código da malandragem, o que foi otário não grita para não passar recibo....permaneceram  mudos e calados para sempre.  
 
Até hoje estão procurando uma "Elefoa" por aí....."
 
                                                                      Crônica de Ricardo V. Barradas.