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terça-feira, setembro 23, 2008

Caio Mourão - Paula Mourão - Ipanema - Arte Jóia - Brasil.

Caio Mourão nasceu em 1933, em São Paulo. Foi aluno de Aldo Bonadei e colaborador de Antonio Bandeira e Di Cavalcanti em vários painéis.
Caio Mourão,muito me ensinou à respeito,da
obra de ANTONIO BANDEIRA,já que êle foi
colaborador do grande mestre das pinturas abstratas,
das cidades iluminadas,das cenas noturnas da Capital Francesa.
Diferentemente de muitos ditos profissionais,que
só aprenderam nos livros,e se acham especialístas.
Caio Mourão,
expôs na II Bienal de São Paulo.
Em 1956, iniciou-se em Artes Plástica Joalheira.
No ano seguinte, mudou-se para o Rio de Janeiro e
se tornou carioca 'por adoção'.
Em 1963, conquistou o 1º Prêmio Internacional de Joalheria, na VII Bienal de São Paulo. Foi para Paris a convite de Pierre Cardin, no final dos anos 60. Ministrou curso de design em Portugal e aprendeu técnicas de fundição e prataria pesada. De volta ao Brasil, em 1969, começou a dar aulas em seu atelier, em Ipanema. Aos poucos, sua filha Paula foi assumindo o comando dos cursos, sempre com a supervisão de Caio. Alguns dos mais importantes nomes do design de jóias,das artes plásticas joalheira,da joalheria,
na América Latina,passaram pelo Atelier Mourão.
"Caio Mourão,ainda vai ser por muito tempo à verdadeira referência,
para as novas gerações que iniciam se na longa e mágica trajetória da
Arte Jóia no Brasil.Ele foi e é o verdadeiro "Bandeirante Desbravador",do
caminho brasileiro,da jóia assinada,expressão de arte com autoria e
propriedade.Antes por abandono mais recetemente por pirataria,
mas existe no percurso à idéia-matriz de propriedade,e pela Escola
Brasileira de Joalheria, a carta magna foi gerada e assinada por um
único artista,Caio Mourão."
disse Ricardo Barradas


Caio Mourão
Colar Espacial - realizado em Prata 950 - Paris






Caio Mourão - "Alamanda"
Escultura de Aço,Bronze,Solda Elétrica,
base de dolomita




Caio Mourão


Caio Mourão,era meu dileto amigo,meu professor em joalheria.
Meu mentor em "guanabarices", não é todo mundo que entende
disto não,a maioria só entende de Rio de Janeiro,e
Barra Shopping.Não são e nunca serão.
Geração Bar 20,Antigo Jangadeiros,Cine Pax,Cine Rian,
Spaguetilândia,Metro Copacabana,Cine Asteca.
Não tem muita gente que entende bem do que falo,
só alguns poucos eleitos,e historiadores atentos.
Sinto me honrado de ter sido ex-aluno de Caio Mourão,
sinto falta de nossos jantares filosóficos regados à "caipivodka",sem
açucar,por favor,pelos botequins,de Ipanema e Leblon,dos lugares comuns da noite do Rio de Janeiro,bem antes
de terem sido reinventado pelos Nordestinos
Endinheirados de agora,
que cada vez mais,se
espalham.
Já fazem alguns anos,que a noite do Rio de Janeiro,
é cozinha,garçon,metre,e proprietário,
do Nordeste Brasileiro,nem Japonês e Chinês,escapam,
tá tudo entregue às nordestinidade.
Estes valentes operários das noites,em sua grande maioria,são moradores,
da Rocinha,Pavãozinho,Cruzada e Vidigal.
Eu e Caio Mourão,fizemos algumas parcerias,ao longo dos caminhos,
nossa dinâmica amizade,não ficava quieta por um nimnuto.
Ainda me lembro bem do "porre" de Aqua Vita que tomamos
no Alto Leblon,chegamos perto da meia noite,e ficamos filosofando
e ouvindo Cantos Flamencos,quando abriram os raios
das cortinas,o Sol estava quente,já era quase 15 hs,do dia seguinte.
Como o Aluno sempre tem algo a aprender com o Mestre,
sempre tinhamos muito o que falar.
Eu particularmente sempre fui muito da pedra,por minha
própria formação,e o Mestre Caio Mourão,sempre muito mais do metal,
mas sempre chegavamos a um denominador comum.
A Arte.
Da mesma forma que sempre fui muito,dos elementos químicos,
e Caio das palavras mágicas,mas em um denominador comum,
a Alquimia.
Ele me chamava o tempo todo,de "Grand Marchand",
brincando de certa forma,da forma que falava Pierre Cardin,
fraçês com sotaque de "carcamano",pois era Pietro Cardinni
Pois na verdade,Caio retomou sua produção artística,
tanto na Escultura com na Pintura,
por muita insistência minha.
Uma de suas novas exposições,após estas retomadas,
lembro me bem,foi na inauguração da
Galeria Plural - em Ipanema.
E o resultado,de tanta encheção de "saco",de minha parte,para com
o Mestre , foi Magistral.
Na verdade Caio se recriava a cada novo momento.
O dinamismo na vida,era fundamento mais que presente,
nas ações do Grande Mestre.
Caio era um verdadeiro visionário,na melhor forma da palavra,
um visionário e sonhador nato,
os artistas plásticos joalheiros,como Eu,sabemos bem,
o que isto quer dizer,aprendemos o verdadeiro
significado do Grande Mestre Caio Mourão.
Mas o conhecimento ainda não se fechou,
para Vida,Luz,Beleza e Magia,
da verdadeira e original arte-jóia
brasileira.Ainda existe a possibilidade,
de entender e aprender o antigo conhecimento
de Caio Mourão,pelas mãos de sua principal
herdeira,sua filha Paula Mourão.
A sacerdotisa da transmissão do
verdadeiro conhecimento da Arte-Jóia no Brasil.
A respeito do dinamismo continuo de Caio, Paula Mourão diz:


"Caio está sempre buscando coisas novas e diferentes,
apresentando surpresas delirantes aos nossos olhos" - Paula Mourão




"Se na Genesis no princípio era o Caos, podemos parafrasear dizendo que, na joalheria, no princípio era o Caio. Podemos ir adiante e, observando o que se faz hoje em dia, constataremos que, pela influência que imprimiu em todos nós, no momento ainda ele é a referência mais marcante de que dispomos. Olhando de longe o trabalho dos novos joalheiros, posso resumir afirmando que Caio é o principio, o fim e o meio."

disse Alfredo Grosso, ex-aluno, designer e joalheiro




"O Novo Rio"






Crônica de Caio Mourão
para à Revista Caros Amigos.






Difícil saber o que acontece no Rio de Janeiro neste momento, mas acredito que tanto faz escolher uma palavra ou outra, pois o medo e a ameaça que pairam sobre a cidade não serão atenuados por nomenclatura.Quando digo medo, digo medo mesmo.Vive-se uma situação de espera e de desesperança, tanto lá em cima do morro como no asfalto litorâneo.A morte de Tim Lopes acendeu um rastilho e tudo explodiu, foi o agente catalisador de uma situação insustentável e que era empurrada com a barriga e falastrices de governadores e chefes de polícia e até mesmo de traficantes presos.A brincadeira acabou. Agora não dá mais para adiar nem para mentir nem inventar futuras ações comunitárias ou policiais.Algo terá que ser feito, e rápido.Não adiantam mais passeatas de branco em domingos ipanemenses de sol e chopinho depois, levando enrolada a palavra “Paz” em suas faixas. Isso funciona para sair no Jornal Nacional fazendo carinhas, e nunca para dar uma sofreada na violência e nas balas achadas.*Não é hora de ver ou descobrir o culpado, somos todos nós, desde o usuário que consome a droga, o desgoverno, esta polícia de comédia de cinema mudo, os conhecidos Beira-Mar, Elias Maluco, Celsinho da Vila Vintém e Uê, e principalmente os reais traficantes, os donos do negócio, que ficam no asfalto realizando as operações bancárias e lavando dólares em paraísos fiscais. Se prenderem todos os culpados, teremos que construir mais umas vinte prisões de segurança máxima, e trabalhar em dobro para sustentar os presidiários e garantir todos os seus direitos humanos. Se é uma guerra ou guerrilha eu não sei, mas acho que teremos que lutar, e desconheço com quais armas.Acho que não consigo é mesmo entender o que está acontecendo...Difícil para mim, que moro há anos, desde 1957, nas imediações, e bota imediações nisso, dos morros do Cantagalo, Pavão e Pavãozinho. Morros da Zona Sul do Rio, e privilegiados, têm entrada por Ipanema e Copacabana, Posto Seis, pode escolher. Morros esses que cansei de subir e descer numa época não tão remota.Tive uma empregada, Jacira, negra e “1001”, não tinha os dois dentes da frente, que residia no Cantagalo, e que depois dos afazeres domésticos levava minha filha, naquela altura com 3 anos, para passear e tomar um lanche em sua casa lá no alto e brincar com sua neta, que minha filha chamava de “Amiga Azul”, pois a negrinha, além de bonitinha, era retinta, raça pura, azulava mesmo.Eu, depois do trabalho, ia buscar a menina, subindo escadinhas e rampas, sempre parando na birosca do Ambrósio e tomando uma Brahma “flapé”, como dizia ele, pois “nóis aqui em riba nem temo geladeira, é só na pedra de gelo”. Conhecia e era bem conhecido, sempre ia numa boa, como se estivesse andando na Visconde de Pirajá, nenhuma diferença, só as ladeiras e as escadarias .No casamento de Jacira, fizemos lá em cima uma grande festa, pois eu era o padrinho e desse dia em diante passei a ser figurinha querida e conhecida, não só no morro, mas também embaixo, quando encontrava com os habitantes do alto.Havia tóxico, sim, mas maconha só, cocaína era coisa de rico e de elite, mas os usuários eram sempre olhados de lado, e catalogados como “maconheiros”.Eu morava na rua Saint Romain, lado de Ipanema, num apartamento térreo, a uns 50 metros da subida para o morro, e não fechava as janelas, nem quando dormia nem quando saía, só em viagens. Nunca entrou ninguém, só Carlinhos de Oliveira, que, quando se perdia na noite ou perdia as chaves na mesma, ia para lá e era só dar um pulinho, segurar na borda da janela e já estava dentro da minha salinha, tantas vezes fez ele isso que eu já deixava a roupa de cama em cima do sofá, se viesse...Até que um dia ficou mesmo e morou comigo por alguns meses, mas dessa vez com chave e sem pulinho. Vários outros boêmios da época também me deram o prazer de sua companhia noturna e às vezes sua companhia vinha acompanhada de outra companhia, e eu ao acordar ou chegar tinha o prazer de encontrar um casal apaixonado no sofá da sala e ao natural. Na época ainda não haviam inventado os motéis, e eu era separado e morava só, ideal para ter como amigo.Agora, bandido ou assaltante nunca entrou nenhum.Bons tempos.Tinha uma namorada nessa época, até me casei com ela depois, e um dia destes, contando ao nosso filho sobre como as coisas eram, ele me chamou de maluco ao saber das nossas andanças pela madrugada nas imediações do morro, pois saíamos da Saint Romain, seguíamos pela Barão da Torre (passávamos em frente às escadas de entrada do Cantagalo) e por esta seguíamos até a Redentor. Deixava a moça em casa e fazia o mesmo itinerário na volta, isso às 2 horas da manhã. E nunca nos aconteceu nada.Hoje não faço tal itinerário em horário nenhum, dou voltas, mas por esses locais não passo.Medo mesmo. Não é só de assalto, mas de ser achado por uma bala perdida, coisa corriqueira naquelas paragens.Mas tudo mudou, o malandro do tempo de Noel, de navalha na meia, e todo de branco, foi substituído pelo “soldado” encapuzado e portando um AR-15 ou um AK-47, e que não gosta de samba, só de rap. Sem papo, sem lorota, sem gingado, só violência e raiva.Eu não faço mais aquele itinerário, e as janelas do meu antigo apartamento estão gradeadas, todo o prédio foi cercado por uma grade de ferro altíssima, verde, e cheia de pontas aguçadas.E era um prediozinho tão charmoso, meio art-nouveau, e agora ostenta ares de uma minifortaleza, e tem que ser, pois está no front, entre o asfalto e o morro, na conhecida “Terra de Ninguém”.É só um predinho na Saint Romain,
mas como dói!

Caio Mourão era joalheiro, pintor,escultor,crônista .

"..Não acredito em bala perdida, está se perdeu mesmo.
Perigosa é aquela que acha alguém..."